Muito se fala sobre as posições diametralmente opostas, em linhas gerais, do PT e do Governo Lula/Dilma ao regime militar. Demonstrarei que em um nível muito central, não há distinção de idéias e visões no que tange ao desenvolvimentismo de ambos os "planos" de Governo.
Sobre o II Plano Nacional de Desenvolvimento
Em linhas gerais, obrigados a responder aos sinais de instabilidade no regime (derrotas no congresso etc), e confrontados com o primeiro choque do petróleo, decidem os generais que um mirabolante plano obejtivando a manutenção de taxas de crescimento em torno de 10% a.a. (mesmo com a crise internacional e o Brasil tendo atingido "ocupação plena" da economia), sustentado sobre endividamento externo e com objetivo de substituição de importações, seria a melhor forma de "equilibrar" a economia no longo prazo.
Numa simplificação grotesca, que me reservo o direito de fazer por não se tratar de um paper sobre economia brasileira, posso apontar agora porque o II-PND não deu certo. Embora muitos economistas defendam que existiram mais méritos que falhas quanto aos objetivos de longo prazo do PNDH-3 (ooops...), digo, II-PND, é impossível defender um plano que resulte em taxas de inflação incontroláveis por mais de 15 anos como bem sucedido.
1) O modelo de estatização adotado previa que o investimento estatal geraria a demanda que faria com que o setor privado investisse:
Ninguém contava (ou contava sim...) com o bom e velho jeitinho. No período de 74-79, foram abertas em média 200 estatais por ano, para tratar dos mais diversos assuntos. Sempre com recursos do FMI, e empréstimos contratados a taxas de juros flutuantes(!?).
Sobre os juros, bastou os Estados Unidos apertarem sua política monetária com o segundo choque do petróleo para que a dívida fosse impagável. E sobre as estatais, das 1.000 empresas abertas, restaram aproximadamente 100. Especula-se (afirma-se) que 9 entre 10 eram empresas de fachada, e serviram para engordar os cofres dos generais.
2) O investimento seria feito de forma descentralizada, de forma a diminuir as desigualdades regionais no Brasil:
Não vou me alongar muito sobre esse tema, mas cito como exemplos a siderúrgica de Itaqui (MA), prospecção de petróleo no Nordeste, Soda de Cloro em Alagoas, fertilizantes em Sergipe etc. Mais uma coincidência, sobre o crédito ofertado, a maioria do que foi dado ao setor privado partiu do BNDE, a taxas subsidiadas.
Sobre o sucesso da política de descentralização, creio não ser necessário entrar em detalhes e falar sobre a SUDENE durante todo o regime militar, sobre a indústria da seca e todos os canais de escoamento de dinheiro público pelas mãos dos "outros coronéis", mas faz uns 50 anos que a ladainha de "Vamos Descentralizar" é repetida, sem absolutamente nenhum resultado.
Os paralelos
Se a preocupação é reparar os erros dos Generais, por que o PAC (com exceção da parte sobre financiamento externo) parece tanto com o II-PND, que todos sabem no que deu?
Por que Delfim (o catastrófico economista que terminou de acelerar pra cima de 100% a.a. a inflação) está empoleirado nos ombros de Lula e de Dilma?
Por que existe tanta pressão para re-estatização generalizada, quando já vimos esse filme e sabemos aonde termina essa história?
Por que os "outros coronéis" parecem tão ou mais próximos do poder central agora do que na época do II-PND (vide Sarney, Collor, Jáder etc)?
Por que, apesar de Lula repetir "as elites" e "o povo na m****" tantas vezes, depois de quase 8 anos ainda não existe praticamente descentralização e desenvolvimento no Norte / Nordeste?
Comparando as 200 estatais por ano do II-PND com a Telebrás do Dirceu e o "pac 13%", dá pra ter uma idéia...
Conclusão
E olhando para todas essas perguntas observando o aparelhamento institucional atual, também dá para identificar o modus operandi do PT, contar mentiras deslavadas para fazer exatamente o contrário. Primeiro critica-se o regime militar exaustivamente, para depois repetir ipsis literis (falcatruas inclusive) o "desenvolvimentismo" da ditadura. De fato o modelo foi escondido bem diante dos olhos, a censura eles estão "implementando", mas o projeto da "máquina" se encontra (porcamente) em funcionamento. Que o digam a dívida pública de R$ 1,73 trilhões, Eletronet, Belo Monte e outros montes mais...
fonte: Economia Brasileira Contemporânea (Gremaud, Vasconcellos)
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UPDATE: Foi aprovada a "reativação" da Telebrás em 05 de Maio de 2010. Claro, a "Eletronet" da "Star Overseas" foi citada como parte integrante do plano. Será José Dirceu um consultor clarividente? Ou será que é porque "quando eu dou um telefonema, é UM TELEFONEMA"...
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