Wednesday, May 5, 2010

Sempre ele... - Patrulha Ideológica 2

Algo me diz que essa vai ter resposta oficial, mas o mentiroso de plantão hoje foi Alexandre Padilha (Ministro das "Relações Institucionais" - faz o quê mesmo?).

Ao falar sobre a aprovação do fim do fator previdenciário, decidiu propalar duas das mais comuns pérolas de "A Fábula de FHC, o Terrível".


O câmbio de FHC
A primeira é uma meia verdade, de que "deixaram o câmbio valorizado" quebrar o país. Padilha e pessoal do PT, por favor estudem um pouco de economia antes de repetir essa baboseira outra vez. O câmbio foi valorizado porque o PLANO REAL (que o PT votou contra e que é de fato a grande transformação dos últimos 20 anos de Brasil) baseou-se, entre outros mecanismos, em uma âncora cambial.

Ou seja, pra aproximar o valor monetário dos bens de seu valor real, travou-se a flutuação do câmbio, de forma que um bem ou serviço tivesse sempre um valor relativamente similar em dólares. Cavallo fez o mesmo na Argentina, e quebrou seu país (onde 1 peso valia um dólar) por manter a âncora por tempo demais em um nível de valorização artificial.

Mas no caso do Brasil a trava foi necessária e útil, e ninguém em sã consciência diria que o Real não funcionou, embora desinformados e descarados sejam capazes de demagógicamente, deliberadamente e malandramente "esquecer" que âncora cambial era um dos pilares do plano, sempre para criticar "o dólar de FHC". O que pode-se questionar é o momento de retirada da trava, misteriosamente 1 mês após a re-eleição, por isso é uma meia-verdade.


A inflação de 2002
Se a primeira era uma meia-verdade, essa é uma mentira inteira. Que deveriam ter vergonha de dizer, inclusive, porque pegam mal para o governo do PT tanto a desinformação capaz de gerar o raciossímio quanto a resposta. Geralmente, essa da "inflação disparou em 2002 e FHC não fez nada" vem acompanhada de "o risco país de FHC era 400 pontos em 2002" e "Lula acabou com a inflação".

Como o próprio FHC já respondeu, a primeira eleição de Lula foi cercada de desconfiança internacional, porque em 89 Lula acabaria com a propriedade privada, em 94 e 98 romperia com o FMI, e só em 2002 decidiu "colocar no armário" seu neo-comunismo totalitário.

Desconfiados de que Lula seria eleito e continuaria radical, os investidores internacionais em títulos e ações brasileiras passaram a exigir um prêmio em juros pelo risco a ser incorrido (pois o calote no FMI representaria a insolvência e iliquidez dos títulos do tesouro), e o nome desse prêmio pelo risco é não outro que o famoso "Risco País". Quanto maior o valor, quer dizer que mais se exige retorno dos investimentos no país, o que por sua vez pressiona o câmbio (a saída de dinheiro estrangeiro valoriza o dólar, lei da oferta e da procura) e traz pressões inflacionárias, na medida em que a valorização do dólar é igual aa desvalorização do real.

Trocando em miúdos, aa primeira vista a imagem do sindicalista Sapo-Barbudo eleito afugentou os investidores estrangeiros, que para confiar o dinheiro aos cuidados de vossa majestade passaram a exigir o dobro da remuneração. Por isso, a inflação de 2002 é a inflação do fator Lula, e seria uma afirmação sacripantas dizer que tenha alguma coisa a ver com taxa de juros ou consumo interno (que é a única coisa que a taxa de juros regula).


Conclusão
Colocar os dois "problemas" apontados na mesma frase, e culpar FHC pelos dois simultaneamente, demonstra também simultaneamente a ignorância em economia do petralhismo e a cara-de-pau de propalar (palavra de ordem agora contra essa gentalha) os dois factóides (isso sim são factóides). Porque a primeira "quebra" que o Alexandre Braguilha aponta em 98, pode-se resumir a real muito forte (dólar muito fraco), e a segunda de 2002 a real muito fraco (dólar muito forte). Eles precisam decidir quando está errado, porque fraseado assim é igual dizer "cara eu ganho, coroa você perde"...

E como pra essa gente precisa desenhar, senão eles fingem que não entendem, quem enfraqueceu o real em 2002 foi a imagem do próprio Lula, e nem nada nem ninguém mais. Contra isso, não tem subida de taxa de juros que resolva...

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